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efluente oleoso

O descarte inadequado de resíduos continua sendo um dos grandes desafios ambientais enfrentados por indústrias e empresas em todo o mundo. Mas, dentro desse cenário, os efluentes oleosos merecem atenção especial, não apenas por estarem presentes em inúmeros processos produtivos, como também pelos impactos que podem causar ao meio ambiente e à saúde pública.

Compostos por óleos, graxas e outras substâncias insolúveis em água, esses rejeitos possuem um alto potencial de contaminação quando descartados de forma incorreta. Ao entrarem em contato com o solo ou corpos d’água, podem comprometer significativamente a qualidade dos recursos naturais, afetar ecossistemas inteiros e gerar danos que vão muito além do ambiental — incluindo prejuízos financeiros, riscos à imagem da companhia e até sanções legais.

Nesse contexto, torna-se imprescindível entender a gravidade desse tipo de resíduo e a importância de tratá-lo de maneira adequada. Mas, afinal, o que caracteriza um efluente oleoso? E por que seu tratamento exige atenção redobrada? Vamos descobrir!

O que são efluentes oleosos?

Primeiramente, é válido lembrar que os efluentes oleosos são resíduos líquidos gerados em atividades industriais e comerciais que envolvem o uso, a fabricação ou a manipulação de óleos e graxas. Esses compostos podem estar presentes na forma de suspensão ou emulsão na água, além de terem origem mineral, animal, vegetal ou sintética.

Normalmente, eles são mais frequentes em operações de lavagem de peças, tanques, pisos e superfícies que entram em contato com combustíveis, lubrificantes e outras substâncias oleosas. Mas acima da variedade de fontes geradoras, o grande desafio desses efluentes está nas suas propriedades físicas e químicas que dificultam o descarte e o tratamento sem um sistema adequado, como:

  • Baixa solubilidade em água

Os óleos e graxas presentes nesses resíduos praticamente não se misturam com a água. Isso significa que, em vez de se dissolverem, eles tendem a formar uma camada separada e acabam flutuando por ser menos denso; exigindo métodos específicos para separação.

  • Viscosidade variável

A viscosidade dos efluentes oleosos pode variar bastante, dependendo da sua origem e das condições operacionais em que foram gerados. Essa variação influencia diretamente no comportamento do efluente no meio líquido e, novamente, há um impacto na escolha da melhor tecnologia de tratamento.

  • Formação de emulsões

Ainda é comum que esses efluentes formem emulsões estáveis — ou seja, misturas difíceis de separar, nas quais o óleo está disperso em água (O/A) ou a água dispersa em óleo (A/O). Isso também pode tornar o tratamento mais complexo, exigindo etapas adicionais para romper a emulsão e remover os contaminantes.

Leia mais: 

5 segmentos que comumente geram efluentes contaminados com óleos e graxas

geração de efluente oleoso

Embora os efluentes oleosos possam ser gerados em múltiplas atividades, há setores onde a presença de óleos e graxas nos resíduos líquidos é especialmente recorrente. 

Isso se deve às próprias características dos processos industriais e à intensa utilização de lubrificantes, solventes e materiais metálicos; fatores que ressaltam a importância de uma gestão adequada.

Os casos mais comuns são:

  • Indústria metalúrgica e metal-mecânica

Empresas desse setor realizam usinagens, lubrificação e resfriamento de peças metálicas, utilizando fluidos de corte e materiais solúveis para garantir a precisão e durabilidade dos seus produtos. Essas operações resultam em efluentes carregados de óleos, graxas e, muitas vezes, metais pesados; uma combinação que representa riscos significativos à saúde humana e ao meio ambiente.

  • Indústria automotiva

Já as oficinas mecânicas, funilarias, centros de manutenção e montadoras de veículos geram efluentes a partir do descarte de óleos lubrificantes, graxas, fluidos hidráulicos e outros produtos utilizados na montagem, manutenção e lavagem de veículos. A mistura entre substâncias químicas e compostos oleosos dificulta o descarte direto e exige atenção quanto ao cumprimento das normas ambientais vigentes.

  • Refinarias

Nas refinarias, o processamento do petróleo bruto envolve uma série de etapas que geram grandes volumes de resíduos contaminados com hidrocarbonetos, óleos pesados e solventes industriais. Trata-se de efluentes de alta carga poluente, com potencial de impacto severo caso não passem por um tratamento eficiente antes da destinação.

  • Indústria química

Por outro lado, a indústria química emprega óleos e lubrificantes como reagentes, agentes de limpeza ou para o funcionamento de equipamentos em sua operação. Como resultado, também se tem efluentes com elevado teor de substâncias oleosas, muitas vezes combinadas a outros elementos químicos que podem alterar o pH, a viscosidade e a estabilidade do resíduo.

  • Mineração

Por fim, no setor de mineração, o uso intensivo de máquinas e equipamentos pesados requer constantes manutenções e lavagens, o que acaba por gerar efluentes contaminados por óleos lubrificantes, combustíveis e resíduos sólidos. Além disso, durante as etapas de beneficiamento mineral, o contato com materiais oleosos ainda pode ampliar a carga poluente desses resíduos.

 

Efluente oleoso: por que eles precisam de tratamento?

Segundo dados do Sogilub, 5 litros de óleo lubrificante despejados sobre um lago, seria o suficiente para cobrir uma superfície de 5.000 m² com um filme oleoso, danificando gravemente o desenvolvimento da vida aquática, além da bioacumulação de metais pesados.

Só essa informação já fala por si só. No entanto, vale lembrar que o tratamento de efluentes oleosos é uma necessidade que ainda vai além da responsabilidade ambiental. Empresas que geram esse tipo de resíduo precisam considerar aspectos legais, operacionais e até reputacionais para garantir um funcionamento seguro, eficiente e em conformidade com a legislação vigente. 

A necessidade de uma gestão adequada se justifica em função da:

  • Conformidade com normas e regulamentações

No Brasil, órgãos como o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), além de agências ambientais estaduais, determinam limites rigorosos para o lançamento de resíduos contaminados com óleos e graxas nos corpos hídricos. 

A exemplo, de acordo com o Artigo 16 da Resolução nº 430/2011, os efluentes podem ter até 20 mg/L de óleos e graxas em sua composição para serem descartados corretamente. Além disso, a norma também proíbe a presença de materiais flutuantes nos resíduos, o que inclui emulsões oleosas visíveis na superfície da água.​

O descumprimento destes ou de outros critérios do tipo pode acarretar em multas, sanções e até a suspensão das atividades da empresa.

  • Proteção da infraestrutura

Efluentes com altas concentrações oleosas tendem a se acumular em tubulações, bombas e equipamentos, provocando entupimentos, desgaste precoce e falhas no  funcionamento dessas estruturas.

Investir em um tratamento adequado contribui diretamente para a preservação da infraestrutura e para a continuidade dos processos produtivos, além de evitar custos para manutenção ou reparo de ativos.

  • Melhoria da imagem

Adotar práticas ambientais responsáveis demonstra o compromisso da empresa com a sustentabilidade e com a sociedade. Isso fortalece a reputação institucional e contribui para uma percepção positiva perante os consumidores e o mercado. 

Sem contar que o tratamento de efluentes também é uma das práticas mais importantes do pilar “E” do “ESG”, algo cada vez mais valorizado no ambiente de negócios atual, especialmente no fechamento de novas parcerias e investimentos.

  • Prevenção da contaminação ambiental

Além dos impactos nos recursos hídricos, quando lançados diretamente na terra, os efluentes oleosos podem contaminar lençóis freáticos e prejudicar a fertilidade da região, tornando áreas improdutivas e potencialmente tóxicas. 

Essa contaminação ainda compromete a fauna e a flora locais, afetando organismos do solo, plantas nativas e animais que dependem daquele ecossistema para sobreviver, já que a presença de contaminantes altera as condições naturais do ambiente, podendo causar a morte de espécies sensíveis e a degradação da biodiversidade.

Em suma, investir no tratamento adequado de efluentes oleosos é uma medida estratégica que garante conformidade legal, protege a infraestrutura da empresa e fortalece sua imagem no mercado. Além disso, é uma forma concreta de contribuir com a preservação do meio ambiente e com um modelo de operação mais sustentável.

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